STJD toma as medidas para iniciar investigação envolvendo o John Textor

O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) anunciou a abertura de um inquérito para investigar as denúncias de possíveis manipulações de resultados feitas contra John Textor, proprietário da SAF do Botafogo. 

Textor foi julgado em primeira instância nesta segunda-feira (6) e multado em R$ 60 mil, sob acusação do artigo 220-A do CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva), por deixar de colaborar com os órgãos da Justiça Desportiva. Além da multa, foi concedido a ele um prazo de cinco dias para apresentar os documentos e evidências que afirma possuir.

STJD abre inquérito para investigar denúncias de manipulação de resultados envolvendo John Textor, dono da SAF do Botafogo

Essa decisão marca uma mudança de postura por parte do tribunal. Textor tem sido alvo de denúncias do STJD desde o ano passado, porém, ele se recusou a apresentar as supostas provas desde que um relatório de partidas do Brasileirão produzido pela Good Game!, empresa francesa que analisa decisões de arbitragem, foi ignorado pela entidade. Desde então, o empresário norte-americano expressou sua intenção de mostrar evidências apenas para a Justiça Comum.

No início de março, após declarações de Textor alegando ter “juízes gravados reclamando de não terem propinas pagas”, o STJD abriu um inquérito e o intimou a depor e apresentar provas. No entanto, a defesa de Textor, em protesto pelo que aconteceu em 2023, afirmou que era ilegal exigir provas de corrupção, e assim ele não o fez.

A relação entre John Textor e o STJD teve desenvolvimentos recentes. Em abril, o dono do Botafogo passou horas no Tribunal, no centro do Rio de Janeiro, em uma reunião onde apresentou vídeos, áudios e documentos para Felipe Bevilacqua, vice-presidente da instituição. Nesse intervalo, ele também depôs na CPI de manipulação e apostas esportivas, no Congresso Nacional.

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Michel Assef Filho, advogado de Textor, afirmou: “Acho que como qualquer um que atua tanto nas justiças esportivas, doando aqui seu tempo pra julgar, os procuradores, os dirigentes de clube, todos, acho que deveria ser o bem comum de todos, e eu espero que seja, a integridade do futebol. E se ele (Textor) tiver que colaborar com a Justiça Desportiva para que isso aconteça, é claro. Desde o dia 1 ele pediu a instauração de inquérito, que infelizmente foi arquivado. Então agora acho que acertou a Justiça Desportiva em instaurar um inquérito, e vamos começar a apurar também a manipulação no âmbito da Justiça Desportiva”.

“Estamos cientes de que o procedimento (inquérito) foi instaurado a requerimento de John Textor. Ele foi instaurado, mas ainda não fomos intimados a apresentar as provas. Isso deverá ocorrer em algum momento, mas ainda não fomos (chamados)”, completou o advogado.

Na CPI, Textor também apresentou áudios, vídeos e relatórios aos senadores, incluindo uma análise sobre possível edição do VAR, alegando que o que é mostrado ao público na tela de revisão do árbitro de vídeo não é 100% fiel ao que aconteceu no jogo. Com o inquérito em andamento, o empresário agora está sujeito a mais uma investigação.

Michel, ao analisar a situação, disse: “Esse é mais um argumento nosso. Temos duas investigações em curso, tanto no ambiente criminal – onde depoimentos serão prestados, obviamente – e no âmbito da CPI, no Senado Federal. É óbvio que tem que ser respeitada essa tramitação. Dentro do que for necessário, isso será informado pela Justiça Desportiva. Apresentar provas que já foram apresentadas em outros ambientes e que correm em sigilo, se isso de fato deve ser feito no âmbito da Justiça Desportiva. Isso também vai ser observado por nós”.